quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Eleições 2008


Pois eh, sou mesário!

Por favor, não diga "coitado", "judiação"," que saco né?", "foi premiado?", ou qualquer outro tipo de piadinha relacionada a minha "convocação voluntária". Eu sou mesário e gosto disso. Não vou dizer que me orgulho, que isso é uma honra, mas posso dizer que admiro o bom trabalho realizado pelo nosso país, aliás, trabalho esse reconhecido internacionalmente e agora também copiado, já que somos os únicos com tal tecnologia e organização. Acho bacana fazer parte disso, poder ver de perto todo o processo da democracia em prática, desde a urna ligando as 07h da manhã, até a impressão dos votos na própria urna ao comando do Presidente da mesa no final do dia. Saber que um país com 180 milhões de habitantes (acho que é isso) conhece os resultados algumas horas depois de encerrada a votação é algo realmente de se admirar.

Deixando a admiração de lado e todos os prós também, vamos aos fatos menos convencionais. Conversando com alguns outros eleitos para o exercício da democracia eu fiquei sabendo que em Santos os mesários são pagos. R$ 15 é o montante destinado a cada "voluntário". Como disse um caiçara ao Juiz que deu a bela notícia: "Já dá pra pagar o busão né dotô?!" Isso é fato, e aqui em São Caetano (minha cidade) é só o lanche mesmo, que aliás esse ano foi servido também no dia do "treinamento" (kkkk...) que a gente faz dias antes da eleição. Comida da boa, muitos lanches, salgados, doces, sucos e um vídeo inspirador apresentado, neste ano, pelo ator global Dan Stulbach (que tava com uma cara de sono terrível) tentando nos convencer do quão importantes somos para a nação, é algo parecido com o cartaz na foto acima, e com a frase que aparece na última tela da urna eletrônica antes de ser desligada: "A Justiça Eleitoral agradece aos mesários." Eu tenho a imagem, mas não vou postar em respeito as leis eleitorais que não permitem o uso do celular na cabina de votação. (Juro que eu só usei depois que a votação acabou... kkk...). Enfim, motivação é a alma do negócio, afinal eles realmente dependem do nosso trabalho para realizar o "show da democracia", como alguns gostam de chamar as nossas eleições. Outro fato realmente motivador, foi a alteração da quantidade de pessoas convocadas para trabalhar, antes eram seis, e a partir desse ano, são apenas quatro, assim ou você trabalha, ou não almoça, porque a fila cresce, os eleitores fazem bico (soltam algumas palavras de baixo calão), e aí você vai trabalhar dobrado para compensar o tumulto. Mas falando sério, se a equipe for organizada, trabalhar com quatro pessoas fica muito mais fácil. Menos pessoas, portanto chances menores das lambanças surgirem.

Eu sou o orgulho do Cartório Eleitoral há oito anos, são quatro eleições, sem contar os turnos (uma eleição com dois turnos é contada como uma única eleição). Diz a lenda que em cinco eu sou dispensado, mas já ouvi dizer que estão estudando a possibilidade de as próximas serem remuneradas, então não custa nada aguardar, né? Ah! Eu fui mesário também no Referendo sobre o Desarmamento, esse foi MUITO chato. Poucas pessoas e uma votação muito rápida, o sono venceu a motivação fácil!

Para este ano, eu já estou liberado. Aqui em "Azulão City", não existe segundo turno porque o número de eleitores é menor que duzentos mil. E, de qualquer forma, o Prefeito atual se reelegeu com 78% dos votos, então não haveria mesmo o segundo.

Agora é esperar a próxima em dois anos, e dessa aqui, sobra a esperança de que os eleitos cumpram as palavras declaradas durante as campanhas e façam o povo sentir de verdade o orgulho de fazer parte deste ato de cidadania e democracia em larga escala.

ps* pelo belíssimo trabalho prestado a Nação, eu ganhei quatro dias de folga no trabalho. =D